sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Baile Surrealista - Arte integrada & o DiaboA4

O Baile Surrealista - Arte integrada & o DiaboA4 (releitura de um baile que aconteceu na Europa na década de 1970, envolvendo artistas e membros de sociedades secretas) pretende discutir as relações entre Arte e Misticismo através da Música, Artes Plásticas, Dança, Oficina de Tarô e Poesia.
Nessa primeira edição, inspirada nos trabalhos do poeta e cineasta chileno Alejandro Jodorowsky, vai rolar o lançamento do livro ARCOS DE MERCÚRIO - ANTOLOGIA POÉTICA DO TARÔ: serão 170 páginas de bruxaria e lirismo com uma galera barra-pesada da poesia contemporânea aqui na Bahia, em suas meditações sobre os Arcanos Maiores do Tarô. Haverá também exposição com jovens artistas plásticos, apresentação de Dança, Live Paint, Oficina de Tarô e Sound System com Don Maths!
A ideia é reunir numa única noite diversas linguagens artísticas em obras que dialogam com disciplinas esotéricas, oferecendo ao público a oportunidade de conhecer segredos dos bastidores da existência nunca antes revelados nessa cidade.
O evento é gratuito e acontecerá no dia 19 de Dezembro no Museu de Arte Contemporânea a partir das 19hrs!


***NÃO NECESSITA FANTASIA***


quarta-feira, 15 de julho de 2015

Ian Curtis - Coração e Alma




Coração e Alma

Instintos que ainda podem nos trair,
Uma jornada que conduz ao sol,
Desalmado e determinado à destruição,
Uma luta entre o certo e o errado.
Assuma meu lugar na hora da verdade,
Eu observarei com um olhar piedoso,
Eu pedirei humildemente perdão,
Um pedido muito além de mim e você.

Coração e alma, um arderá.
Coração e alma, um arderá.

Um abismo que se ri da criação,
Um circo completo com todos os tolos,
Fundações que duraram eras,
Depois arrancadas pelas raízes.
Para além do bem está o terror,
O aperto de uma mão mercenária,
Quando a selvageria torna todo o bem razão,
Não há volta, nenhum último refúgio.

Coração e alma, um arderá.
Coração e alma, um arderá.

A existência, sim, o que importa?
Eu existo da melhor maneira que posso.
O passado agora é parte do meu futuro,
O presente está bem fora de alcance. 
O presente está bem fora de alcance. 

Coração e alma, um arderá.
Coração e alma, um arderá.
Um arderá, um arderá.
Coração e alma, um arderá.


Jogo de sombras (Shadowplay)
Ian Curtis
Tradução de Gleiton Lentz
Edição bilíngue
Nephelibata/2010

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Projeto “Narrativas Poéticas em videoarte desde América Latina” passa por Feira de Santana


Em parceria com a DiaboA4 Editora e o Museu de Arte Contemporânea, as soteropolitanas Karina Rabinovitz (poeta) e Silvana Rezende (videasta) trazem para Feira de Santana uma mostra do projeto que vêm desenvolvendo juntas aliando poesia e videoarte. A ideia é compartilhar todo o processo de investigação artística: a pesquisa, criação e realização audiovisual (videoarte) em países da América Latina e participação em Festivais e Mostras de Vídeos, passando pelo Uruguai, Argentina, Equador e Chile. Além disso, os videopoemas serão exibidos e, por fim, será promovido um debate sobre a presença da arte em nossas vidas, as formas e métodos de criação em videoarte, o pensamento latino-americano e a relação arte e cultura.
O projeto “Narrativas Poéticas em Videoarte desde América Latina” foi selecionado no Edital Setorial de Artes Visuais/2012, da Fundação Cultural, através da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia.

Karina Rabinovitz e Silvana Rezende – Foto: Cátia Milena/ Divulgação.
                          
Karina Rabinovitz: http://www.karinarabinovitz.blogspot.com.br/
Silvana Rezende: http://silvanarezende.wordpress.com/

25/11 a partir das 15hrs no Museu de Arte Contemporânea!
Aguardamos tod@s vocês!

http://goo.gl/F7CiLF

domingo, 9 de novembro de 2014

Torquato Neto

 

 

Let's Play That

quando eu nasci
um anjo louco muito louco
veio ler a minha mão
não era um anjo barroco
era um anjo muito louco, torto
com asas de avião
eis que esse anjo me disse
apertando minha mão
com um sorriso entre dentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes
let's play that

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Arthur Rimbaud

Minha boêmia
(Fantasia)
Lá ia eu, de mãos nos bolsos descosidos;
Meu paletó também tornava-se ideal;
Sob o céu, Musa, eu fui teu súdito leal,
Puxa vida! a sonhar amores destemidos!
O meu único par de calças tinha furos.
– Pequeno Polegar do sonho ao meu redor
Rimas espalho. Albergo-me à Ursa Maior.
– Os meus astros no céu rangem frêmitos puros.
Sentado, eu os ouvia, à beira do caminho,
Nas noites de setembro, onde senti qual vinho
O orvalho a rorejar-me a fronte em comoção;
Onde, rimando em meio a imensidões fantásticas,
Eu tomava, qual lira, as botinas elásticas
E tangia um dos pés junto ao meu coração!
Poema do livro “Poesia Completa”, de Arthur Rimbaud (tradução de Ivo Barroso), editora Topbooks.

sábado, 11 de outubro de 2014

Aleister Crowley - poema



Hino a Pã
Tradução de Fernando Pessoa - Revista Presença n° 33, de Julho/Outubro de 1933

Vibra do cio sutil da luz,
Meu homem e afã
Vem turbulento da noite a flux
De Pã! Io Pã!
Ioô Pã! Io Pã! Do mar de além
Vem da Sicília e da Arcádia vem!
Vem como Baco, com fauno e fera
E ninfa e sátiro à tua beira,
Num asno lácteo, do mar sem fim,
A mim, a mim!
Vem com Apolo, nupcial na brisa
(Pegureira e pitonisa),
Vem com Artêmis, leve e estranha,
E a coxa branca, Deus lindo, banha
Ao luar do bosque, em marmóreo monte,
Manhã malhada da àmbrea fonte!
Mergulha o roxo da prece ardente
No ádito rubro, no laço quente,
A alma que aterra em olhos de azul
O ver errar teu capricho exul
No bosque enredo, nos nás que espalma
A árvore viva que é espírito e alma
E corpo e mente - do mar sem fim
(Io Pã! Io Pã!),
Diabo ou deus, vem a mim, a mim!
Meu homem e afã!
Vem com trombeta estridente e fina
Pela colina!
Vem com tambor a rufar à beira
Da primavera!
Com frautas e avenas vem sem conto!
Não estou eu pronto?
Eu, que espero e me estorço e luto
Com ar sem ramos onde não nutro
Meu corpo, lasso do abraço em vão,
Áspide aguda, forte leão -
Vem, está fazia
Minha carne, fria
Do cio sozinho da demonia.
À espada corta o que ata e dói,
Ó Tudo-Cria, Tudo-Destrói!
Dá-me o sinal do Olho Aberto,
E da coxa áspera o toque erecto,
Ó Pã! Io Pã!
Io Pã! Io Pã Pã! Pã Pã! Pã.,
Sou homem e afã:
Faze o teu querer sem vontade vã,
Deus grande! Meu Pã!
Io Pã! Io Pã! Despertei na dobra
Do aperto da cobra.
A águia rasga com garra e fauce;
Os deuses vão-se;
As feras vêm. Io Pã! A matado,
Vou no corno levado
Do Unicornado.
Sou Pã! Io Pã! Io Pã Pã! Pã!
Sou teu, teu homem e teu afã,
Cabra das tuas, ouro, deus, clara
Carne em teu osso, flor na tua vara.
Com patas de aço os rochedos roço
De solstício severo a equinócio.
E raivo, e rasgo, e roussando fremo,
Sempiterno, mundo sem termo,
Homem, homúnculo, ménade, afã,
Na força de Pã.
Io Pã! Io Pã Pã! Pã!

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

PIVA




A Piedade

Eu urrava nos poliedros da Justiça meu momento
abatido na extrema paliçada
os professores falavam da vontade de dominar e da
luta pela vida
as senhoras católicas são piedosas
os comunistas são piedosos
os comerciantes são piedosos
só eu não sou piedoso
se eu fosse piedoso meu sexo seria dócil e só se ergueria
aos sábados à noite
eu seria um bom filho meus colegas me chamariam
cu-de-ferro e me fariam perguntas: por que navio
bóia? por que prego afunda?
eu deixaria proliferar uma úlcera e admiraria as
estátuas de fortes dentaduras
iria a bailes onde eu não poderia levar meus amigos
pederastas ou barbudos
eu me universalizaria no senso comum e eles diriam
que tenho todas as virtudes
eu não sou piedoso
eu nunca poderei ser piedoso
meus olhos retinem e tingem-se de verde
Os arranha-céus de carniça se decompõem nos
pavimentos
os adolescentes nas escolas bufam como cadelas
asfixiadas
arcanjos de enxofre bombardeiam o horizonte através
dos meus sonhos